Nunca como hoje, em grandes centro urbanos, tivemos tantas opções de parques, praças e espaços dedicados a cães. A ideia é maravilhosa e, num mundo ideal, seria um bom programa para fazer com os nossos cães em fins de semana, feriados e dias de folga, mas como exatamente esses lugares operam e o que precisamos saber para manter os nossos cães seguros por lá?
Todos nós, que temos cães em grandes cidades, sonhamos com a possibilidade de deixá-los correr livres em grandes gramados e fazer amizades com outros cães, mas muito desse sonho é baseado em conceitos distorcidos de que cães são como crianças e esses lugares são como parquinhos infantis onde tudo acontece de forma harmônica. Infelizmente a realidade é bem diferente e cães não são como crianças, logo o que pode acontecer nesses espaços muitas vezes assusta.
Para esclarecer melhor, vamos falar em mais detalhes sobre convívio de cães em grupos. Cães, como sabemos, são uma espécie social, logo existe uma habilidade natural de estar com outros da sua espécie, mas no universo urbano muito do que seria natural para cães foi perdido. Num ambiente controlado, cães desenvolvem uma dinâmica de grupo singular em que existem regras de sobrevivência e consequências de valor para a quebra dessas regras. Isso significa que o grupo que vive junto tem membros mais fortes que definem essas regras para garantir um convívio e uma sobrevivência harmônica. Lembre que estamos falando de um grupo, logo não existem cães estranhos ou pessoas estranhas no contexto criando estímulos e distrações. Normalmente grupos zelam por sua sobrevivência e defendem o seu espaço, ou seja, outros cães ou pessoas não necessariamente são bem-vindos, a menos que o seu líder assim permita.
Agora vamos avaliar o que acontece nos espaços para cães. O local é aberto ao público em geral, não existem regras, não existe supervisão profissional e o trânsito de cães e pessoas estranhas, com comportamentos diversos, é constante. Existem cães de todos os tamanhos, castrados e não castrados, reativos, inseguros, possessivos, territoriais e medrosos, e pessoas com brinquedos, petiscos, lanches, crianças correndo, etc. A chance de acontecer um acidente, na estatística, é muito grande. Infelizmente esses cães não se conhecem e nada sabem sobre as pessoas que estão ali. Acreditar que todos vão entrar, fazer amigos e se divertir é uma fantasia que pode colocar a vida do seu cão em risco. Mas por que esses acidentes acontecem?
A resposta está num conjunto de fatores. O convívio doméstico muitas vezes é desgovernado, a falta de orientação dos humanos afeta diretamente o comportamento dos cães e a falta de supervisão e de regras nos espaços permite erros que podem ser fatais. Muitas famílias não entendem com clareza os cães como espécie e acreditam que a interação social sempre será tranquila. Existe uma tendência emotiva humana a interpretar tudo como brincadeira e achar que os cães aprendem sozinhos, quando, na verdade, a falta de orientação produz cães confusos, que perdem a confiança nos donos e acabam tomando para si a responsabilidade de resolver problemas do jeito primitivo.
Com o aumento da criação de mais espaços veio o aumento do número de acidentes e casos fatais e essa estatística mostra o quanto essa ideia pode ser perigosa. Sim, cães são uma espécie social, mas dentro de um contexto disciplinado e supervisionado, por isso, se você quer socializar o seu cão, busque ajuda profissional. Aprenda sobre comportamento canino, aprenda a ler os cães e as suas atitudes em contextos sociais e veja como os cães se comportam quando são equilibrados e têm orientação devida. Existe a forma correta de socializar e o grupo e o ambiente corretos para você e o seu cão, por isso faça a sua pesquisa e comece essa jornada com alguém experiente que possa orientar você com clareza e objetividade, entendendo ao seu cão e às suas possíveis limitações. Nem todo grupo é para todos os cães, mas existe o contexto certo para cada um deles. Lembre que é o seu papel proteger e zelar pela vida do seu cão e que você é responsável por criar boas experiências para ele ao longo da vida.